Uma das grandes preocupações quando o assunto é deficiência de vitaminas, é a deficiência de vitamina B12. Ela é abundante em todos os produtos de origem animal. Muitos outros alimentos são enriquecidos com vitamina B12. Como exemplo temos os cereais matinais, produtos à base de soja, usados como substitutos do leite e achocolatados em pó.
Outros produtos podem conter vitamina B12 adicionada a sua formulação, podendo ser citado no rótulo, mas não podem ser considerados fontes pois a concentração da vitamina adiciona é baixa.
Um estudo realizado na cidade de São Paulo com mulheres não gestantes em idade fértil, sendo 22 onívoras (ingerem produtos de origem animal) e 29 vegetarianas, encontrou a mesma prevalência de deficiência em ambos os grupos. Mais de 50% dos dois grupos apresentavam nível de vitamina B12 abaixo do adequado (490 pg/mL) [1].
A deficiência da vitamina B12 é mais comum do que a de ferro e ácido fólico, estes estão presentes na farinha integral ou são acrescentados às farinhas brancas no Brasil.
A vitamina B12 para ser absorvida depende do fator intrínseco produzido pelas células parietais do estômago. O fato das pessoas comerem com intervalos muito curtos 2 a 3 horas pode ter contribuído para o aumento de deficiência de vitamina B12 na população onívora já que o estômago não tem tempo de produzir fator intrínseco para uma nova digestão.
Muitas funções estão relacionadas à vitamina B12, ela desempenha um papel importante na formação do sistema nervoso e das células vermelhas do sangue.
O sistema nervoso é o primeiro a demonstrar a carência de vitamina B12. Alguns sinais e sintomas são falta de concentração, atenção e declínio da memória. Gera irritabilidade emocional e formigamento nas pernas, estes sinais aparecem com o início da carência. Se não diagnosticada a carência pode ocorrer manifestações psiquiátricas como depressão, manias, síndromes psicóticas e transtorno obsessivo-compulsivo.
Em estágios mais avançados ocorre anemia e elevação da taxa de homocisteína no sangue. A concentração de homocisteína elevada no sangue acelera os danos cerebrais podendo culminar em demência e mal de Alzheimer.
A homocisteína tem efeito oxidante causa lesões no interior dos vasos sanguíneos predispondo a formação da aterosclerose (placas de gordura que se acumulam nos vasos). A lesão causada pelo aumento da homocisteína acelera o desfecho das doenças cardiovasculares causando hipertensão e morte prematura.
Como citado no trabalho realizado em São Paulo mais de 50% das pessoas pesquisadas está com deficiência de vitamina B12. Na minha prática clínica tenho encontrado 70% dos pacientes com deficiência de vitamina B12. Como sugestão, indico a realização de dosagem sanguínea e posterior suplementação se este vir a ser o seu caso.
[1] E, S., Avaliação do estado metabólico e nutricional de indivíduos vegetarianos e onívoros. Tese de mestrado apresentado na Universidade Federal de São Paulo. Dados em processo de publicação. 2010.